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Falar das Jardineiras é andar na história e dar uma volta ao passado que nos remete a uma época saudosa que para os mais antigos traz saudade, para os mais novos desperta curiosidade, pois elas eram bem diferentes da configuração dos ônibus de hoje.

Inimaginável para as crianças de agora saber que um ônibus tinha um bagageiro em cima e que as malas vinham amarradas e as vezes traziam até animais, mais esse antigo veículo além de transportar pessoas, traziam também seus sonhos para nossa região que começava a se desenvolver com a colonização de muitas cidades impulsionadas pela cafeicultura, hortelã e outras culturas.
Cada viagem era um ato epopeico, quando não era a poeira era a lama que alternavam-se propositadamente, desafiando os que teimavam passar pela pequena estrada de conservação quase inexistente que rumavam de Campo Mourão ou de Campo Mourão para Goioerê.
As jardineiras significavam o contato com o resto do Brasil, traziam cartas de parentes assim como suprimentos e mais gente para trabalhar nos cafezais de nosso município. Em cada trecho da estrada um verdadeiro desafio, que ao final era até festejado, motivando pose para um retrato depois de sair de um atoleiro por exemplo. Trecho que a princípio era feito pelo expresso Serrano, passando depois para o expresso Nordeste que tinham como primeiros motoristas os Sr. Varcilio Scuira e Anésio Lourenço, também outros revezavam no trecho.
Caminhos também foram abertos para outros rumos, partindo de Goioerê para Nova Aurora, Cafelândia, Cascavel, onde desbravadores quando não ficavam por aqui, se arriscavam por esses novos destinos. A dificuldade era tanta que a pequena viagem de 67 quilômetros de campo Mourão à Goioerê, hoje dura-se 45 minutos, 62 anos atrás em dia de sol, demorava-se no mínimo 5 horas e a velocidade girava em torno de 40 km por hora e em dias chuvosos não tinha hora de chegada, as vezes até dormiam na estrada.
Depois de 25 anos de emancipação política e anos de reinvindicação a estrada de terra que por muitos anos uniu Goioerê a Campo Mourão passou a ser só uma lembrança dos tempos de poeira, pedras e atoleiros. No dia 10 de julho de 1980, Goioerê saia de um sonho para entrar na realidade, pois a tão esperada e ansiada BR 272 estava sendo inaugurada e com ela veio a modernidades dos ônibus que nos dias de hoje são confortáveis quase como um avião de carreira e aquela jardineira com bagageiro em cima é coisa de causos, histórias e lembranças, por sinal belas lembranças dos tempos dourados, onde o café era chamado de ouro verde e o algodão de ouro branco!

JÚNIOR CORREIA PAZ

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JARDINEIRAS: LITERALMENTE UMA VOLTA NO TEMPO